terça-feira, 9 de novembro de 2010

A PATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA





A paternidade na adolescência tem sido um assunto renegado quando se aborda a gravidez na adolescência.
Felizmente os serviços que trabalham com adolescentes começam a despertar para a necessidade de maior atenção ao adolescente masculino.
A questão da paternidade na adolescência, são trazidas aos serviços pela mãe adolescente, que em sua fala refere a ausência da figura paterna, ou seja, o pai da criança simplesmente ignorava o filho, ou ainda nega que tal criança fosse sua.
Ser pai é um papel sócio-cultural como biológico, mas com uma diferença fundamental – os papéis biológicos e fisiológicos do sexo masculino são inalteráveis. Já os papéis sociais são dependentes da cultura na qual estamos inseridos, dependendo também da época histórica que vivemos.
O aspecto social atualmente vem sendo bastante modificado, e as concepções que se tinha sobre a paternidade vem sendo alteradas. A partir dos anos 90, no fim do século XX, a paternidade começou a ser encarada de maneira diferente da qual foi pensada ao longo de todo o século passado.
Ao pai cabia além da manutenção financeira da família, impor regras e limites. Apoiadas em supostas relações de força e de fragilidade, o pai era forçosamente ausente.
Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, este quadro masculino e feminino, começa a ser alterado e a colocar em xeque os valores até então tidos com exclusivamente masculinos ou femininos. A demonstração de afeto começa a fazer parte do universo masculino e a força de trabalho do universo feminino.
Quando, lá pelos anos 60, a pílula anticoncepcional, propiciou um controle maior da natalidade e colabora para liberar a sexualidade, sem a preocupação de se ter muitos filhos.
Porém, a pípula não modifica a questão da paternidade, pois cabe à mulher e não ao homem a sua ingestão.
E ainda, quando falamos no campo biológico, a gravidez para o masculino não se constitui em problemas; não é necessário o pré-natal, as mudanças no corpo, o cuidado com a alimentação; enfim, todos os cuidados que uma gravidez gera para o feminino. Desta maneira, o distanciamento do futuro pai se mantém, e as questões de gênero permanecem inalteradas, sendo a gravidez uma questão do feminino e não do masculino. A paternidade, portanto, não se constitui em uma função deste adolescente, ou em permanecer junto com a mãe, mas simplesmente em um resultado do ato sexual sem maiores consequências sociais.

É vital que se busque no pai adolescente não só um companheiro sexual da mulher, mas um companheiro que compartilhe das decisões e cuidados, um pai que possa amparar seu filho e o assuma de fato. Para que isto aconteça, precisamos, como profissionais da área da saúde, dar uma atenção maior ao masculino, abolir nosso próprio preconceito, desmascarar os mitos da sociedade e ajudar os adolescentes a se aproximarem dos seus sentimentos e aflorarem para uma masculinidade saudável e responsável.

Fonte: Adolescência e Saúde III – Comissão de Saúde Integral do Adolescente – SES - Texto de Elcio Nogueira e Joana Maria S. Kerr.
Imagem: Google Imagens

PARCERIA SEMPRE

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